Lata da cervejaria Feigenspan. Por volta de 1950 |
A Bock Bier é uma cerveja forte, com densidade
específica do mosto (specific gravity) acima de 16 graus Plato e teor alcoólico
geralmente acima de 6,5%, podendo ser clara ou escura, de alta ou baixa
fermentação. O estilo de cerveja é oriundo da cidade de Einbeck, na Alemanha,
possuindo inúmeras variações comerciais e regionais. Algumas dessas variações
possuem raízes históricas, já outras são experimentos que fazem uso dos mais
diversos ingredientes ou tipos de fermento em um mosto de alto extrato. Ainda
que a maior parte das Bocks seja composta de lagers de baixa fermentação,
existem exemplares de alta fermentação que igualmente recaem nessa categoria,
sendo a Weizenbock provavelmente seu mais conhecido representante.
Há inúmeras cervejarias em todo o mundo que têm Bockbier como produto de prateleira, aínda que seu consumo seja maior e mais específico em determinadas datas festivas do ano. Por outro lado, muitas cervejas britânicas, belgas e americanas são classificadas como bock, mas apenas para fins de taxação, uma vez que sequer se aproximam de algo parecido com as bocks originais.
Espero neste post poder contribuir um pouco mais com o conhecimento de todos no que tange essa ilustre representante das cervejas germânicas.
Há inúmeras cervejarias em todo o mundo que têm Bockbier como produto de prateleira, aínda que seu consumo seja maior e mais específico em determinadas datas festivas do ano. Por outro lado, muitas cervejas britânicas, belgas e americanas são classificadas como bock, mas apenas para fins de taxação, uma vez que sequer se aproximam de algo parecido com as bocks originais.
Espero neste post poder contribuir um pouco mais com o conhecimento de todos no que tange essa ilustre representante das cervejas germânicas.
A cerveja
Como já mencionado, a Bockbier é feita com uma densidade
específica mais alta que as cervejas mais leves. O mosto é mais grosso e
viscoso, uma vez que é utilizado menos água em sua preparação. Atualmente, a
cerveja Bock é geralmente uma cerveja escura, levemente adocicada e pouco
lupulada (fazendo uso dos chamados Bitterhopfen). As Bocks mais claras
pertencem às famílias das Maibock, ou helles Bock. Também existem Weizenbock
claras (e escuras, claro, bom exemplo dentre as nacionais é a Weizenbock da Eisenbahn), bem como Bocks avermelhadas e âmbar. Devido à utilização
de maltes torrados, a Bockbier é encorpada, trazendo consigo as clássicas notas
próprias da torrefação. Além disso, as notas de caramelo acabam por ser
fortalecidas e entram em evidência devido ao alto teor alcoólico e do baixo uso
de lúpulo. Sua espuma é cremosa, possuindo uma cor bege ou âmbar. Por fim, as
Bockbiers tendem a maturar e envelhecer muito bem, podendo algumas delas
envelhecer por décadas.
Rótulo da Bockbier da Sudbury Brewing & Malting Co. Ltd. Por volta de 1950 |
Vale ressaltar que a palavra Bock pode
facilmente confundir quem a ouve, levando-o a pensar (como eu pensava até não
muito tempo atrás) que a cerveja tivesse de fato algo a ver com bodes
(Ziegenbock, em alemão), pela semelhança das palavras. Contudo, conforme se
sabe, o nome da cerveja se deve a variações históricas de seu nome original, o
qual nada tem a ver com Ziegenbock. Ainda assim, há algumas cervejarias que
insistem em manter uma correlação, como por exemplo a garrafa da Bock Animator,
da cervejaria Hacker-Pschorr, em cujo rótulo vê-se dois bodes frente-a-frente,
além das inúmeras outras cervejarias cujos rótulos e anúncios podem ser vistos
ao longo desse post.
Einbeck, os mestres e a lei
É dito que a primeira cerveja Bock foi feita na
cidade de Einbeck, situada entre Hannover e Kassel, e próxima a Braunschweig.
No entorno da cidade de Einbeck, ficam as
montanhas do Harz, com abundantes fontes de água, água essa muito apropriada e
por isso mesmo utilizada há séculos na produção da cerveja local. O vale entre
as montanhas do Harz se estende para uma planície ao norte, na qual há até hoje
grande produção de cevada, entre as cidades de Hildesheim, Braunschweig e Hannover.
No princípio, havia ali também grande produção de lúpulo. Por fim, um pouco
mais ao norte, ficam importantes portos, como de Rostock e Hamburg. Assim, não
foi difícil à cidade de Einbeck adquirir fama por produzir uma cerveja muito
gostosa e relativamente forte na Idade Média.
Em 1368, Einbeck passou a integrar a Liga
Hanseática, fundada como uma tentativa de uma união de comércio europeu, um
precursor medieval da Comunidade Europeia. Logo a cidade se tornou o centro de
produção cervejeira da Liga, o que levou a exportações da cerveja para a Escandinávia,
Rússia, Itália, Reino Unido e Flandres. Essa exportação explica também o alto
teor de extrato de mosto, destinado a conservar a cerveja devido a uma contínua
fermentação ao longo das viagens. Os mercados que recebiam a Bockbier oriunda
de Einbeck eram mercados já acostumados a cervejas fortes de outras cidades hanseáticas,
como Rostock, que havia se juntado à liga aproximadamente um século mais cedo. A
história de exportações da cerveja Bock é forte e presente em suas origens a ponto de o
registro mais antigo referente a Bockbier ser uma receita para dois cascos de “Einbecker”,
vendidos a cidade de Celle em 28 de abril de 1378, ou seja, seu registro mais antigo é justamente referente a exportações.
Nessa época, a Bockbier era feita tanto com cevada como com trigo (veja o post sobre malte), fazendo uso, via de regra, de fermentação alta (veja o post sobre levedo), sendo um bom exemplo daquilo que hoje chamamos de Weizenbock, já que no geral as Bocks hoje em dia são strong lagers feitas com cevada.
Nessa época, a Bockbier era feita tanto com cevada como com trigo (veja o post sobre malte), fazendo uso, via de regra, de fermentação alta (veja o post sobre levedo), sendo um bom exemplo daquilo que hoje chamamos de Weizenbock, já que no geral as Bocks hoje em dia são strong lagers feitas com cevada.
Um dos fatores chave para o grande sucesso da
cerveja Bock foi um método de controle de qualidade único instaurado pelo
conselho municipal em seus primórdios. Muitos eram os cidadãos que tinha licença
para maltar grãos em Einbeck (principalmente trigo e cevada, como já mencionado),
bem como produzir cerveja em seus porões, mas ninguém tinha permissão de
possuir seu próprio equipamento para tal. A secagem do malte era feita em
grandes sótãos ou porões com aberturas laterais, os quais podem ser vistos até
hoje em muitas casas por lá. Dessa forma, todo o equipamento era patrimônio do
município, e o conselho empregava mestres cervejeiros que iam às casas dos cidadãos
interessados, levando toda a parafernália. Os mestres, como funcionários
públicos, tinham a obrigação de verificar a qualidade do malte, acompanhar o
processo de fermentação e por fim certificar a cerveja para que essa pudesse
ser vendida e exportada.
Foto da Tiedexer Straße, em Einbeck, mostrando os grandes portões com arcos característicos.Fonte: http://www.quermania.de/ |
A história da Bockbier pode ser confirmada
ainda hoje através das ruas da cidade de Einbeck, as quais ainda contam com
inúmeras casas e construções coloridas, datadas dos séculos 15 e 16, todas elas
com portões com arcos imensos. Esses portões tinham de ser tão grandes afim de
permitir a passagem dos panelões, quando esses era retirados de uma das casas e
levados à próxima. Esse procedimento garantia que toda cerveja produzida na
cidade de Einbeck seguia a mesma receita e o mesmo padrão de qualidade,
independentemente da casa na qual fosse produzida. Apesar de ter sido destruída
por um grande incêndio no ano de 1500, as casas reconstruídas logo após ainda
mostram, além dos imensos portos, outras evidências de que, naquele tempo,
quase todo cidadão era uma espécie de cervejeiro.
Conta-se ainda que quando as temperaturas
começavam a subir na primavera, a produção de cerveja evidentemente tinha que
parar visto não haver ainda métodos de manter a bebida resfriada. Dessa forma,
esse era o período em que os cidadãos se reuniam em uma festa na qual ocorria determinado
sorteio, cujo objetivo era determinar a sequência na qual os lares receberiam a
visita dos mestres para a produção de sua cerveja. Nessa festa, a cerveja
servida era evidentemente Bock - sendo a feira na primavera, em Maio, surgiam
assim os primeiros barris de Maibock, sobre a qual será falado em seguida.
Lutero, Oanpock e Munique
Bolacha da cervejaria Wittenberg, trazendo rosto de Martin Luther |
Voltando ao comércio da cerveja, alavancado
pelo lance da Liga hanseática, os negócios cervejeiros da cidade de Einbeck iam
de vento em popa, literalmente. Os carregamentos de Bockbier estavam crescendo
a ponto de em 1578 a cidade de München gastar 562 guilder em cerveja importada
de Einbeck; era tempo de copiar esse sucesso.
Vale lembrar que nesse tempo a Baixa Saxônia,
ou Niedersachsen, bem como Bayern (Bavária), eram reinos separados, sendo ambos
tão grandes que dividiam fronteiras. Atualmente, são ambos estados alemães bem
menores se comparados ao tamanho dos reinos daquela época, além de estarem
separados por outros estados, como Hessen. Niedersachsen, bem como o norte da
Alemanha, era conhecida por ser terra de comerciantes, vendendo e transportando
suas mercadorias pelos rios que permeiam o norte do país chegando à costa; por
outro lado, Bayern era uma terra ligada à vida no campo e à produção agrícola. Entretanto,
esses dois reinos até certo ponto rivais, acabaram por estreitar os lacos para
além da cerveja importada/exportada, quando em dada altura a filha de um
aristocrata bávaro casou com o Duque de Braunschweig. Nesse casamento, como era
de se esperar, a cerveja servida foi Bockbier de Einbeck, o que levou não
apenas o Duque bávaro mas toda a sua corte a se encantar pela cerveja do norte.
Assim, em 1617, Elias Pichler, um mestre cervejeiro de Einbeck, foi contratado pela cervejaria Braunes Hofbräuhaus (localizada onde hoje ainda hoje está localizada a famosa Hofbräuhaus), afim de criar uma nova versão, própria da cidade de München, da „Oanpock“, como ainda era chamada a Bockbier naquele tempo. Essa cerveja em pouco tempo ficou passou obteve grande fama e apreço, passando a desfrutar de grande admiração principalmente em épocas de jejum, quando o pão líquido era praticamente o único alimento ingerido pelos católicos da Baviera.
Assim, em 1617, Elias Pichler, um mestre cervejeiro de Einbeck, foi contratado pela cervejaria Braunes Hofbräuhaus (localizada onde hoje ainda hoje está localizada a famosa Hofbräuhaus), afim de criar uma nova versão, própria da cidade de München, da „Oanpock“, como ainda era chamada a Bockbier naquele tempo. Essa cerveja em pouco tempo ficou passou obteve grande fama e apreço, passando a desfrutar de grande admiração principalmente em épocas de jejum, quando o pão líquido era praticamente o único alimento ingerido pelos católicos da Baviera.
Excerto do jornal holandês, dizendo (em alemao):
A cervejaria Baierische Bierhaus gostaria de informar a seus caros clientes ter
recebido Cerveja Kitzinger März Lager e Nürnberger Dobbeld Bock, a qual será servida no sábado
direto do barril, e na quarta-feira a primeira Bockbier de München (Munique) do
barril.
Atualmente, cerca de um terço da produção de
Starkbier - Bockbier - na Alemanha é proveniente de cervejarias da Bavária, motivo pelo qual
a cerveja é muitas vezes confundida como sendo uma cerveja originária do
sul.
Weinhanchts-, Oster- e Maibock
Weihnachtsbock (Bock de natal) e Osterbock (Bock
de páscoa), ao contrário do que muitos acreditam, não foram feitas para serem
consumidas nessas datas em si, mas nos dias e semanas que as antecedem. Na
quaresma, uma versão ainda mais forte é feita, a chamda Doppelbock, bem como a
Maibock, que é consumida no primeiro mês mais quente do ano, geralmente algo
entre abril e junho.
A tal da Doppelbock
Chicago Bock 1888 |
Cervejas do tipo Doppelbock costumam ter a terminação “-ator” em seu nome, em referência e homenagem à mais antiga representante desse estilo, a Salvator, da cervejaria Paulaner. A Dopplebock foi produzida pela primeira vez e é ainda hoje servida principalmente na época da quaresma. Sua coloração é uma espécie de marrom bastante escuro, tendo aromas fortes de malte em suas versões mais escuras, com notas tostadas; já suas versões mais claras são mais lupuladas e secas.
A diferença feita até hoje entre Bock e
Doppelbock tem a ver com a legislação alemã relativa à fabricação de cervejas.
Essa legislação prevê, entre outras coisas, uma categorização segundo a faixa
de densidade específica do mosto, sendo que uma cerveja Bock deve ter um mínimo
de 16%, ao passo que a Doppelbock deve possuir um mínimo de 18% em densidade
específica. Embora tenha havido alterações nas condições de fabricação daquele
tempo para cá, a nomenclatura e categorização prevaleceu e ainda hoje é
respeitada.
Um pouco de história
Como parte da Contra-Reforma o regente da
Baviera, Kurfürs Maximilian convidou os monges paulinos (Paulaner) à sua terra. Estes
então fundaram em 1627, na cidadezinha próxima à München, chamada Au, o
mosteiro Neudegg ob der Au.
Pois bem, a ordem dos paulinos adotava regras severas em termos de jejum, que entre outras coisas proibiam os adeptos de se alimentarem de qualquer alimento à exceção de líquidos durante esse período. Uma vez que esses monges eram originários da Itália, o jejum na fria Baviera era ainda mais difícil de suportar. Dessa forma, os paulinos passaram a se alimentar basicamente da cerveja Bock disponível, o que não infringia as regras do jejum. Vem desse tempo um dito popular até hoje na Alemanha, segundo o qual “Flüßiges bricht Fasten nicht!”, ou seja, líquidos não anulam o jejum. A cerveja nessa época sabidamente não era filtrada, sendo rica em calorias, provendo assim saciedade e força aos monges.
Pois bem, a ordem dos paulinos adotava regras severas em termos de jejum, que entre outras coisas proibiam os adeptos de se alimentarem de qualquer alimento à exceção de líquidos durante esse período. Uma vez que esses monges eram originários da Itália, o jejum na fria Baviera era ainda mais difícil de suportar. Dessa forma, os paulinos passaram a se alimentar basicamente da cerveja Bock disponível, o que não infringia as regras do jejum. Vem desse tempo um dito popular até hoje na Alemanha, segundo o qual “Flüßiges bricht Fasten nicht!”, ou seja, líquidos não anulam o jejum. A cerveja nessa época sabidamente não era filtrada, sendo rica em calorias, provendo assim saciedade e força aos monges.
Para que a produção de cervejas nos mosteiros
fosse concedida, no entanto, era necessária uma aprovação pela cúpula da igreja
católica da época. Assim, a fim de convencer o Papa da maravilha que era a
cerveja feita pelos monges na época, e assim receber o direito de produção, os
monges encheram um barril de cerveja e o enviaram à Roma. Esse barril, após ser
vigorosamente balançado em seu transporte através dos Alpes, e castigado pelo
forte Sol que brilhava no verão italiano, enfim chegou à sala do Santo Padre, evidentemente já
azedo. O Papa provou daquela bebida horrível, azeda, quente e estragada em
todos os sentidos, julgando-a terrível, o que o levou a alegar assim que tal bebida de forma
alguma seria capaz de interferir na salvação de seus irmãos. Como consequência,
concedeu-lhes a permissão de produzir mais daquele líquido horrendo, se assim o
desejassem. Dessa forma, em 1629, os monges obtiveram o direito de produzir sua
própria cerveja. Em primeiro lugar os monges elevaram o teor de extrato de
mosto de sua cerveja, de maneira a obterem uma cerveja ainda mais forte que a
Bockbier da Braunes Hofbräuhaus, dando origem ao nome Doppelbock. Em homenagem
ao fundador da ordem Paulaner, o santo Franz von Paola, a cerveja era feita
anualmente até o dia 2 de abril, data da morte do fundador, sendo chamda de Herrenbier, de Heiligen Franz Öl (cerveja do santo Franz) ou Sankt-Vaters Bier (algo como
cerveja do santo pai). Esse último nome é que originou o nome Salvator.
Acima: Rótulo da cerveja Bock da cervejaria Kormann's (1920), e capa da sátira política "A assembéia de Munique que aconteceu regada a muito Doppelbier, ou assim chamado Bock", escrita por Nicolaus Thaddäus Gönner e Winguläus Xaver AloysKreittmayr em 1778.
De fato foi dada autorização aos monges
Paulaner para que eles produzissem a sua cerveja (Braurecht), mas eles não
tinham o direito de vede-la à população (Schankrecht). Mesmo assim, logo os
monges passaram a distribuir a cerveja à população em geral, tanto dentro do
mosteiro quanto no Biergarten anexo. O governo acabou por fazer vista grossa
quanto a essa desobediência, mesmo com todo o protesto dos mestres cervejeiros
e cervejarias da região....ainda bem!
A partir de 1840 outras cervejarias passaram a
produzir Doppelbock, vendendo-a sob o mesmo nome de Salvator, dentre elas a
cervejaria Geismann, de Fürth. O então dono da cervejaria Paulaner – a qual
havia sido estatizada e arrendada nesse meio tempo -, Franz Xaver Zacherl protestou sob a
alegação de que Salvator não era o nome do estilo da cerveja, mas o nome de sua
marca. Zacherl venceu a disputa, obrigando as demais cervejarias a trocarem o
nome de suas Doppelbock. Mesmo assim, as cervejarias mantiveram a terminação
“-ator” em suas marcas. Dentre os exemplos atuais para tal regra temos a
Animator, Maximator, Optimator e Triumphator, além da brasileira Bambergerator, da cervejaria artesanal Bamberg.
A Maibock
A Maibock é uma cerveja forte de baixa
fermentação com teor alcoólico superior a 6% vol., menos doce, mais lupulada e
mais clara que suas demais colegas. Ainda assim, afim de manter um pouco de doçura,
a Maibock é, via de regra, mais carbonetada.
Eisbock
A cerveja Eisbock é produzida congelando-se a
cerveja Bock, seguido da retirada da água congelada, alcançando-se assim um
teor alcoólico muito mais elevado. Evidentemente, afim de atender a produção em
massa, há máquinas e dispositivos específicos que se encarregam de realizar
esse procedimento mas, em cervejarias menores, o processo é até hoje feito
manualmente. Dessa forma, a cerveja Eisbock continua sendo uma cerveja
puramente dita, inclusive atendendo o Reinheitsgebot, uma vez que apenas o que
houve foi a retirada de água, sem acréscimo de qualquer outro ingrediente. A cerveja
assim consegue um bom equilíbrio entre a forte presença de álcool e o sabor
presente do malte e notas frutadas. É uma cerveja encorpada como não poderia
deixar de ser, e pouco carbonetada.
A Eisbock é responsável pela eterna luta sobre
qual é a cerveja mais forte dentre todas. O posto de cerveja mais forte foi,
durante algum tempo, propriedade da cervejaria Schorschbräu, da cidadezinha de
Oberasbach, na Bavária. Essa cerveja conta com um teor de 43% de álcool. Isso
não é pouco, contudo, não é páreo para a Armageddon, da Brew Dog: 65%.
Segundo a história, a Eisbock teria sido
inventada por acaso. Conta-se que por volta de 1890, em determinada cervejaria
em Kulmbach, Bavária, um dos funcionários, já cansado após um longo dia de
trabalho duro, sem saco para levar os barris para o porão da cervejaria, teria
deixado alguns barris de Bockbier do lado de fora do edifício durante a noite.
Com a queda da temperatura e a geada que ocorreu durante a noite, boa parte da
água retida na cerveja congelou, deixando apenas em seu miolo um líquido marrom
de altíssimo teor alcoólico. De manhã, tomado pela raiva devido ao produto
perdido e aos tonéis quebrados, o mestre ordenou que o funcionário quebrasse os
blocos de gelo e bebesse o líquido em seu interior, como pena para seu
descuido. Para a surpresa de ambos, o líquido não apenas podia ser bebido, como
era excelente. Assim descobriram aquilo que viria a ser chamado de Eisbock.
A situação atual e Bocks famosas
Apesar de contar com uma bela história e uma
tradição milenar, as Bocks estão longe de figurarem entre as mais produzidas na
Alemanha. Segundo dados do ano de 1999, a Bavária produziu cerca de 23,3
milhões de hectolitros de cerveja dos quais apenas 256.300 hectolitros ou 1.1%
foram de Bockbier. Infelizmente, a Bock, assim como outras cervejas escuras,
sofre da crença de que devido à sua doçura e de sua cor escura, ela seja uma
grande inimiga de todo aquele que almeja emagrecer, o que pode explicar um pouco o seu consumo relativamente baixo, claro que aliado ao fato de ser uma cerveja mais forte, caramelizada e tostada o que também não agrada a todos, e muito associada a determinadas datas, sendo pouco lembrada fora dessas épocas.
Por fim, a Bock é uma cerveja que deve ser apreciada, e não apenas tombada goela abaixo. Não é à toa que a época das Weihnachtsbock-, Fastenbock- e Maibock sejam das épocas mais importantes de todas as cervejarias que as produzem, não necessariamente pela questão financeira, ainda que isso tenha importância também, mas pelo público especificamente atraído nessa época.
A Bock deve ser degustada, e quem sabe lembrar seu apreciador, enquanto a degusta, da farta história que essa bebida traz consigo, de quantos paises ela influenciou e o quanto homens, países e acordos comerciais por todo o mundo a influenciaram até que se tornásse a bebida que hoje facilmente encontramos na maior parte das lojas de bebidas.
Por fim, a Bock é uma cerveja que deve ser apreciada, e não apenas tombada goela abaixo. Não é à toa que a época das Weihnachtsbock-, Fastenbock- e Maibock sejam das épocas mais importantes de todas as cervejarias que as produzem, não necessariamente pela questão financeira, ainda que isso tenha importância também, mas pelo público especificamente atraído nessa época.
A Bock deve ser degustada, e quem sabe lembrar seu apreciador, enquanto a degusta, da farta história que essa bebida traz consigo, de quantos paises ela influenciou e o quanto homens, países e acordos comerciais por todo o mundo a influenciaram até que se tornásse a bebida que hoje facilmente encontramos na maior parte das lojas de bebidas.
Green Tree Brewery, 1906 |
Sobre Bocks conhecidas, segue uma lista
retirada do livro Larousse da Cerveja e completada livremente:
Bock:
Einbecker Ur-Bock Dunkel, Aass Bock, Great
Lakes Rockfeller Bock, Kneitinger Bock, Anchor Bock Beer, Samuel Adams
chocolate Bock, La Trappe Bockbier, Christoffel Bock, Kunstmann Bock
Brasileiras: Schornstein Schorn-Bier, Bamberg
Bock, Kaiser Bock, Petra Bock
Maibock:
Ayinger Maibock, Mahr’s Bock, Berliner
Bürgerbräu Maibock, Hofbräu Maibock, Hacker-Pshorr Hubertus Maibock, Hansa
Urbock, Gordon Biersch Blonde Bock
Brasileira: Baden Baden Bock
Doppelbock:
Paulaner Salvator, Ayinger
Celebrator Doppelbock, Weihenstephaner Korbinian, Andechser Doppelbock Dunkel,
Spaten Optimator, Tucher bajuvator, Weltenburger Kloster Asam-Bock, Capital
Autumnal Fire, EKU 28, Eggenber Urbock 23°, Bell’s Consecrator, Moretti La
Rossa, Samuel Adams Double Bock, Augustiner Bräu Maximator, Eggenberg Urbock
Brasileira: Bambergerator
Brasileira: Bambergerator
Eisbock:
Kulmbacher Reichelbräu Eisbock, Eggenberg
Urbock Dunkel Eisbock, Niagara Eisbock, Southampton Eisbock, Aventinus Eisbock
Referências
- The Oxford Companion to Beer - Garrett Oliver
- Larousse da Cerveja - Ronaldo Morado
- http://www.beerhunter.com
- http://www.bierundwir.de/
- http://witteklavervier.nl/
- http://www.besser-bier-brauen.de/
Imagens (em sua maioria)
Danke fürs lesen, wir hopfen alles Gute!
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