Ilustres,
em minha última visita à Alemanha, certo dia me
deparei com uma caixa bem peculiar no supermercado. Era uma caixa toda
estilizada, de metal, contendo nada menos que 12 garrafas de cervejas
produzidas por cervejarias artesanais da Bavária. Eu bem que gostaria de postar
uma foto da caixa aqui, mas como tive meu celular roubado recentemente, e as
únicas fotos que eu tinha estavam nele, vou ficar devendo. De qualquer forma
seguem nesse post algumas fotos de algumas das garrafas, aquelas nas quais eu tive a sensata ideia de fotografar com a máquina, sugiro scrollarem até o final do post para vê-las.
Eu acabei por beber a grande maioria das
cervejas por lá mesmo, e infelizmente não me dei ao trabalho de anotar as
minhas impressões; mesmo porque acho muito chato quando o sujeito fica anotando
coisas e fazendo observações pedantes em meio a uma roda de amigos que não quer
nada mais que apenas beber sua cerveja em paz. Pois bem, dessa forma
restaram-me apenas as fotos de minha câmera. Bem, quase, porque eu acabei por
trazer duas garrafas aqui para nossa terrinha.
Como não sei quando volto ao solo germânico,
fiquei guardando esses dois exemplares com distinto esmero; até que aquela
fatídica data de vencimento acabou por se aproximar. Não tive escolha, e acabei
por levá-las ao matadouro (ok, na verdade tirei-as do armário, levei-as à geladeira,
da geladeira ao copo, e aí sim, ao triste fim).
Enfim, desta feita aproveito esse post para
escrever um pouco sobre a Karmeliten Spezialbier Brocardus 1844. Essa cerveja é
feita com três tipos de malte e dois lúpulos especiais de Hallertau.
A cervejaria Karmeliten em si foi fundada em 1367, e
pertence à mesma família desde 1879, tendo iniciada, claro, como uma cervejaria
particular de um mosteiro, e evoluído desde então para uma cervejaria
comercial, ainda que pequena e particular. Utilizados são apenas ingredientes
do estado da Bavária, e a produção de todos os rótulos segue o Reinheitsgebot.
Segundo o que contam rótulo da cerveja e o site
da cervejaria, a cerveja em questão aqui foi trazida à cervejaria pelo irmão Brocardus
Bauer, mestre cervejeiro do mosteiro em 1844, de suas andanças pelo mundo.
Baseado na receita daquela época, ainda hoje é feita essa cerveja, tendo por
base exatamente as mesmas variantes de lúpulo da região de Hallertau.
Bem, quanto à cerveja, foi essa a minha impressão:
Uma vez no copo, a formação de espuma dessa
lager foi, como havia de ser, fácil e rápida, requerendo um certo cuidado ao escorre-la
no santo recipiente. O Aroma que logo saltou do copo, de forma muito acentuada e impossível
de passar desapercebido, foi o de mel; sim, isso mesmo, a única coisa em que
pude pensar assim que inalei pelas primeiras vezes foi mel e própolis, um aroma
daqueles remedinhos e pastilhas para quando se tem dor de garganta. Isso é
explicado pelos lúpulos aromáticos utilizados, e que segundo a cervejaria têm
exatamente esse propósito (é claro que as variantes utilizadas não são divulgadas).
Excelente, novo para mim (exceto em honey
beers, claro); mas muito bom; gostei tanto que acabei por fungar naquele
copo até que a espuma tivesse se esvaído quase que por completo. Ah sim, tinha
também um tom de caramelo, e umas pitadas florais e o malte por fim também se
fez presente. Mas o mel foi o grande personagem aromático, sem dúvida.
A espuma, como eu disse, é generosa, ainda que
a retenção do corpo alto seja breve. A retenção como um todo é boa, resumindo-se
contudo àquela coroa na borda do copo, não sem antes deixar uma bela renda nas
paredes de vidro. A cor da cerveja é de um dourado escuro, ou cobre claro, não sei
bem, só sei que é bonita, e condiz com os aromas emanados.
No sabor, persiste o mel e aquela memória de
própolis. Um quê de secura na boca, e uma carbonetação bem peculiar, não em
toda a boca, mas apenas localizada nos cantos, mas muito acentuada e quase ácida;
também um pouco adstringente, numa boa combinação com a secura proporcionada.
Por fim percebe-se as notas florais, um ótimo final para o conjunto. O Álcool continua
escondido, ou melhor, jogado para o canto com todo esse assalto de mel. O
lúpulo desempenha com louvor o seu papel aromático, como descrito, desdenhando
totalmente de todo e qualquer dever que por ventura tivesse em termos de
conferir algum amargor à cerveja além do necessário. Não que seja uma cerveja
excessivamente doce, longe disso. O equilíbrio é ótimo, é uma Pils excelente,
com o amargor certo transparecendo por detrás do doce caramelo e mel.
Gostei
da cerveja. Uma lager bem elaborada, de sabor único e bem fora do usual por
essas bandas. Admito que o aroma promete um pouco além do que o sabor tem a oferecer, mas nada muito grave. Creio que será difícil, ou mesmo impossível de encontrá-la por
aqui, e mesmo em solo germânico está longe de ser uma cerveja conhecida. Mas certamente
vale a pena. Também não é nada enjoativa, apesar do doce de mel, podendo, creio
eu, ser consumida em boa quantidade sem problema algum. Eu recomendo.
E aqui, como mencionado, algumas das fotos das outras cervejas. A primeira garrafa na verdade não fazia parte da caixa, foi uma cerveja trazida da Alsácea para mim por uma grande amiga, mas como foi nos mesmos dias, aproveitei o post!
E aqui, como mencionado, algumas das fotos das outras cervejas. A primeira garrafa na verdade não fazia parte da caixa, foi uma cerveja trazida da Alsácea para mim por uma grande amiga, mas como foi nos mesmos dias, aproveitei o post!
Wir hopfen alles Gute!
Wilhelm Stein
Wilhelm Stein
Mel e caramelo! Bem como eu gosto :)
ResponderExcluirinteressante
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