domingo, 5 de abril de 2015

BarbaRoja - Strong Red Ale

A cervejaria BarbaRoja foi fundada como cervejaria independente e familiar em Escobar, a 50 km de Buenos Aires, Argentina. Ela tem uma gama considerável de rótulos diferentes, desde os estilos tradicionais até rótulos únicos criados especialmente por eles (nesta categoria encaixam-se principalmente inúmeras variedades de cervejas frutadas).

Antes de fundar a cervejaria, em 2001, o proprietário Antonio Mastroianni passou nada menos que 6 anos amadurecendo a ideia da cervejaria própria, viajando pela Europa e colhendo informações para assentar a pedra fundamental daquela que viria a ser uma das cervejarias artesanais mais conhecidas do país dentro de poucos anos.

Quando finalmente iniciou os trabalhos, eram 5 os estilos de cerveja produzidos, com uma produção mensal (nem tão pequena assim para uma cervejaria artesanal recém fundada) de 7 mil litros. Com o passar dos anos, a produção aumentou, bem como os estilos ofertados. No ano de 2012, sua produção anual era de cerca de 55 mil litros mensais, divididos entre 14 variedades. As cervejas são exportadas, além disso, ao Uruguai, Chile, Itália, Espanha e Canadá.


No início, ainda, foi difícil juntar todo o know-how necessário para a produção cervejeira, por isso a cervejaria trouxe um mestre-cervejeiro da República Tcheca que, apesar de ajudar a instaurar a cervejaria e colocar a produção de pé, trouxe consigo o desafio da língua, motivo pelo qual todas as atividades eram acompanhadas de um tradutor, o que eventualmente levava a confusões e atrasos.
Vista aérea  do complexo BarbaRoja, em Escobar - Fonte: Wikipedia

Atualmente, contudo, a cervejaria anda sobre as próprias pernas, fundamentada sobre o conhecimento dos cervejeiros europeus e aliada ao esmero dos cervejeiros atuais, bem como à qualidade da água e demais ingredientes selecionados utilizados desde o seu início. Afim de se estabelecer no mercado, a cervejaria também mudou a designação de seu nicho; não quer necessariamente ser uma produtora de cervejas artesanais, mas sim de cervejas finas. Motivo para tanto é que a cerveja artesanal, aos olhos da BarbaRoja, está muito ligada às cervejas feitas em “garagens”, com instalações precárias e de forma experimental. Por outro lado a cerveja também não admite fabricar cervejas chamadas Premium, o que demandaria muito mais investimento e controle sobre a fabricação. Desta forma, optou pela designação cerveja fina.

Alguns exemplares da BarbaRoja - Fonte: cervezafresca.com
Um ponto interessante da cervejaria BarbaRoja é a impossibilidade de se encontrar chopp dessa cervejaria em qualquer lugar salvo a própria cervejaria. Segundo o proprietário, os custos relacionados à logística do chopp são muito elevados, tornando inviável manter o custo da bebida. Nas palavras de Mastroianni: “(...) Você tem que fornecer boas choppeiras, você precisa ter barris virgens (caros) para não utilizar barris reciclados, cuidando do resfriamento do produto (desde sua fabricação até a tirada da bebida no bar), esse equipamento todo é importado, o que aumenta os custos ".

Como último detalhe, é sempre interessante observar que a garrafa da BarbaRoja não dispõe de uma tampa convencional, mas de uma tampinha mais simples e dotada de uma pequena argola, grande o suficiente para encaixar o dedo e arrancar assim a tampa sem o auxílio de nenhum outro instrumento. Esse fato me chamou a atenção desde a primeira vez em que vi uma garrafa dessa cervejaria. No caso da Strong que descrevo abaixo, contudo, o fecho é feito com uma rolha convencional.

Bom, chega de falar da cervejaria, vamos falar um pouco da cerveja em questão aqui. Para quem quer mais infos da cervejaria, vale a pena dar uma olhada nas referências, principalmente nesse link aqui. Além disso a BarbaRoja recentemente abriu um bar próprio em BA, a página do bar no facebook vocês encontram aqui.

Strong Red Ale

A garrafa da Strong Golden Ale e a
cerveja em si - Imagem de autoria
própria
Bem, ganhei essa garrafa há bastante tempo (e quando digo bastante, é tipo muito mesmo). Estava guardando-a para um momento especial, ainda que não soubesse exatamente qual exatamente seria esse momento. Eis que, há alguns dias, chegou a hora de assistir o último episódio da terceira temporada de House of Cards (não sou o maior fã de séries, mas essa em especial eu curto muito). Como os próximos episódios (eu acredito de todo coração que haverá mais!!) sairão apenas em fevereiro do ano que vem, julguei o momento oportuno e digno de ser brindado com uma cerveja desse calibre.

A cerveja defumada e envelhecida em barris é engarrafada em uma garrafa tipo champanhe de 750 ml, contando com um teor alcoólico de 9%. Uma vez derramada no copo, a formação de espuma é intensa, trazendo ao topo uma espuma cremosa e de longa retenção, ainda que não tão uniforme quanto o esperado para uma cerveja dessa qualidade. Mas nada grave. Sua coloração é de um cobre intenso, não totalmente turva mas longe de ser cristalina também.

No aroma sobressai o caramelo e notas de malte defumado, não como uma Rauchbier e diferente de uma Porter, mas mais intenso do que o esperado, sem dúvida. Também é possível sentir o aroma amadeirado, resultado do envelhecimento em barris. Já no sabor o malte torrado e defumado ganha uma intensidade muito maior, agora sim aproximando-se muito de uma Rauchbier, na medida do possível e dentro dos limites do estilo (bem, para ser franco, extrapolando um pouco). Outros sabores que dão as caras são o caramelo, próprio da torrefação do malte; o lúpulo também aparece, ainda que talvez não tão intensamente quanto promete a descrição da garrafa, mas mesmo assim bastante agradável. O corpo da cerveja é leve e o retrogosto, por fim, relativamente seco e duradouro.
Imagem de autoria própria

Wir hopfen alles Gute!
Wilhelm Stein

Referências:

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