domingo, 16 de agosto de 2015

Driveliners Irish Red Ale

Bom, após um hiato de mais de 40 dias, está mais do que na hora de escrever um novo post por essas bandas. E eis que eu tenho um, guardado na manga há tempo demais. Não foi fácil coletar as informações que precisava para escrever, e mais difícil ainda encontrar tempo para escrever a respeito dessa ilustríssima cerveja, que para mim é pra lá de especial. Especial porque foi feita por meus ex-colegas – e ainda amigos - de trabalho.

O pessoal mandou bala numa Red Ale bem condizente, com a ajuda profissional do Hop’n’Roll, que forneceu suas instalações e suporte ao longo de toda a fabricação dos nobres cervejeiros por opção - e engenheiros por necessidade! O Hop oferece as suas instalações a quem quer que esteja interessado em se aventurar em produzir a sua própria cerveja, mas não quer de cara adquirir todo o equipamento necessário. Ainda de quebra, oferece todo o acompanhamento necessário, dicas e suporte, bem como o espaço para a guarda da bebida até finalizar a sua maturação; o engarrafamento é sempre uma diversão à parte! Mais informações aqui.



hopnroll.com.br
Sobre a Irish Red Ale
Ainda que a IRA (com o perdão do trocadilho) seja uma cerveja que leva já em seu nome a referência irlandesa, ela é na verdade uma adaptação ou interpretação relativamente moderna das English Bitter, com menos lúpulo e uma boa adição de malte tostado para alcançar a sua coloração e o final seco característicos. Redescoberta como uma Craft Beer de grande sucesso não apenas na Irlanda, faz parte atualmente das cervejas de prateleira de grande parte das pequenas e médias cervejarias, principalmente daquelas com propstas mais britânicas, nas quais costuma dividir espaço com Stouts e Pale Ales. Por fim, vale ressaltar que apesar do nome Ale, a Irish Red "Ale" é atualmente encontrada tanto nas versões Ale (alta fermentação) quanto Lager (baixa fermentação), havendo até mesmo mais versões dessa última....

Driveliners Irish Red Ale
Quanto à cerveja em si, a impressão que tive foi muito boa, a começar pelo belo aroma, o qual se apresentou na forma de um belo buquê floral, não tão típico para o estilo, no qual o lúpulo, via de regra, é coadjuvante ou até mesmo inexistente em termos aromáticos; além disso, nota-se logo um quê de refrescância intenso permeado por um belo doce proveniente do malte, apresentado em forma de traços de caramelo e toffee. Na apresentação, uma boa formação de espuma, de corpo médio para alto e excelente retenção. A espuma em si não apresentou as bolhas tão fininhas e uniformes, mostrando uma quantidade considerável de bolhas maiores e instáveis. Mesmo assim, o lacing chamou muita atenção, deixando uma renda muito extensa ao longo das paredes do copo.

A coloração da cerveja é condizente com a sua proposta, apresentando-se num cobre claro, da forma como deve ser.

Uma vez saída do âmbito olfativo e visual e alcançando a boca, a cerveja já de cara apresentou um mouthfeel bastante intenso, preenchendo a boca e deixando aquela sensação de volume, de peso, e de uma viscosidade - não licorosa - mas perceptível.


Perceptível também é uma grande quantidade de lúpulo, um pouco além do esperado, bons tons de caramelo e, o que mais surpreendeu, leves, ainda que bem escondidas, pitadas azedas (o que pode indicar algum probleminha na guarda da cerveja; não compremeteu nem um pouco, mas não era esperado). O álcool se apresenta de forma bastante tímida, até um pouco tímida demais quando consideradas as Irish Red Ales que têm circulado ultimamente, não aparecendo nem no início e nem no final. Isso provavelmente é resultado da intensidade de lúpulo, e da confusão criada pelas notas azedas, mas de qualquer forma fez um pouco de falta. Como um todo o sabor é bastante neutro, de forma que nenhuma característica salta aos olhos, o que em si é também condizente com a proposta desse estilo. A carbonetação é bastante baixa (o que já havia sido avisado pelo pessoal da cervejaria em si, e que deve ser devido a falhas de vedação das garrafas utilizadas); contudo, a carbonetação da Irish Red Ale via de regra é média para baixa, e por isso a quase inexistência dessa característica, não comprometeu. Por fim é peceptível uma boa adstringência, resultado da presença de lúpulo um pouco acima do normal.

O final é apenas suficientemente seco, sem deixar aquele deserto na boca, bastante agradável e condizente com a proposta da cerveja.
blogdagelly.blogspot.com

O retrogosto manteve a mesma pegada da entrada, com um mix de lúpulo e notas de caramelo. O conjunto me agradou bastante, bem equilibrado, apesar da não percepção de álcool e baixa carbonetação. O mouthfeel surpreendeu na boca, assim como o lacing no copo. Drinkability boa, podendo ser degustado mais de um copo tranquilamente.


Uma bela cerveja, com alguns poréns, mas que não comprometem o conjunto. Certamente no caminho correto!

Referências
  • BJCP
  • Larousse da Cerveja - Ronaldo Morado
  • The Oxford Companion to Beer - Garrett Oliver


Wir hopfen alles Gute!
Wilhelm Stein

Um comentário:

  1. Na Mann, mehr als halb Jahr schon? und ich dachte du würdest jetzt mehr schreiben, da du nicht mehr studieren muss....

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